quarta-feira, 4 de abril de 2012

Liturgia Lava pés (Quinta-feira santa)

Olá!
Esta é a liturgia elaborada para a Quinta-feira Santa da Igreja Metodista em Marcos Roberto.
Alguns detalhes importantes: A comunidade senta-se em forma de círculo com um espaço reservado para as pessoas que deverão ter seus pés lavados. Nesta oportunidade optamos por lavar os pés de um Idoso, Criança, Homem e Mulher - que são os núcleos que compõe a nossa comunidade. No momento da Santa-ceia, a própria não chega a acontecer. É apresentada uma pequena encenação onde os elementos da mesa são retirados e é lida a condenação de Jesus.

Após a leitura da negação de Pedro, estamos cogitando a possibilidade de fazer mais uma pequena encenação onde o episódio é lembrado.

As luzes da igreja vão se apagando aos poucos. Quando saem os elementos da ceia, descobre-se um lampião à gaz embaixo da mesa que é logo trazido para cima. Ele fará a iluminação do templo até o encerramento.

O culto é "encerrado" sem bênção, envio ou oração final. A ideia é que ele termine no culto de domingo de manhã, o culto da ressurreição.

Aproveite :D

segunda-feira, 12 de março de 2012

Celebração do Dia Internacional da Mulher

Liturgia preparada para Celebrar o Dia Internacional da Mulher na Igreja Metodista em Marcos Roberto.
Foi um culto lindo, que contou com o empenho e a ajuda de muitas pessoas da Igreja. O templo esteve lotado, com cadeiras postas do lado de fora.
Para fazer o download, clique na imagem acima.

[Atualização] O Office 2007 tem um recurso d marca d'água que o Google Docs não reconhece. Faça o download do arquivo (Arquivo - Download) e altere conforme a sua necessidade

domingo, 18 de dezembro de 2011

Maria

Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela.
Lucas 1:26-38
Uau! Que notícia! Dizem que a notícia de um filho é sempre motivo de festa. Dizem que o anúncio de uma gravidez está sempre envolvida em festa. Mas eu não sei vocês, mas eu não consigo sentir alegria nesta resposta que Maria dá ao anjo. Ela parece... não sei... resignada demais! A atitude dela é de quem aceita calada uma ordem. Mas porquê?! Pelo contrário, eu acho que Maria deveria era ficar feliz, afinal de contas, ela seria a mãe de Jesus, o filho de Davi, o messias esperado!

Ou não... Pensando melhor, o anúncio deve ter sido pesado para Maria e talvez aquele não fosse o melhor momento para ser mãe. E não digo isso porque Maria fosse uma menina - em uma sociedade onde a expectativa de vida ia até os 40 (para os ricos) os casamentos aconteciam bem cedo - ou porque o destino de uma mãe solteira (que seria o caso de Maria para a sociedade) seria o abandono à própria sorte no deserto. O nascimento de Jesus não foi difícil para Maria por conta da expectativa de dar a luz ao que seria o responsável por salvar o seu povo da escravidão a qual se submetia. E isso em um tempo onde a mortalidade infantil era tão grande que havia uma espécie de lixão destinado aos bebês que nasciam mortos ou morriam nos primeiros dias de vida... Não foi por isso que a gravidez de Maria foi difícil.

Israel vivia um momento difícil. A começar que não existia mais Israel. O povo de Deus havia sido dividido em cesaréias. Não tinham auto-governo. O mais próximo que chegavam disso era de um rei despótico chamado Herodes, um assassino por excelência. Em dias de grandes guerras, conquistas e revoluções, com líderes que pouco se importam com o povo, não nascem crianças. Nascem soldados, homens e mulheres que estarão no front de batalha e que por serem pobres, seriam os primeiros a morrer. E Maria sabia disso. A maior dor de parto se dá quando a mãe tem certeza do destino cruel que terá seu filho.

Sabe, os dias são maus. Infelizmente a nossa situação não anda tão diferente da de Maria. Quantas Marias ainda não sofrem preconceito por serem mãos solteiras? Quantos filhos nossos não vão para a guerra... a guerra do tráfico, a guerra da sobrevivência... As pessoas ainda tem uma ganância inexplicavelmente cega pelo poder. Pessoas ainda vagam sem vida pelas ruas, transformadas em máquinas de trabalhar ou simplesmente esquecidas nas praças e sarjetas de São Paulo. Para muitas mães a dor do parto não é a física mas a de não poder oferecer um futuro digno aos seus filhos e filhas.

E o que diremos diante dessas coisas? Com os olhos embotados de lágrimas, vamos dizer que há Esperança! A mesma esperança que fez Maria aceitar, do anjo, a tarefa de ser a mãe do salvador, aquele que levaria literalmente saúde para os desafortunados de Israel. Vamos dizer que o que nos motiva é a Esperança em um Deus que é capaz de mudar a nossa realidade, que é capaz de transformar vidas, de fazer cumprir sua missão independente das instituições e seus homens poderosos. Vamos dizer ao mundo que o Jesus que nasceu naquela estrebaria de Belém, também nasceu dentro de nós e é dele que nos vem a força para resistir como Igreja de Cristo aos assaltos de mercenários e lobos em pele de ovelha.

É muito difícil falar de Esperança. Principalmente quando o mundo é tão barulhento e as circunstâncias parecem tão contrárias. Mas espere: Faça silêncio... tente escutar o choro do nenê. Ele está para nascer e nos trazer de novo a esperança.

Que Jesus, criancinha de Belém, possa nascer os nossos sonhos, dando a nós a mesma Esperança e força da menina Maria. Amém.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Quem quer voltar a ser criança põe o dedo aqui!


Leia Mateus 18.1-6
Quem de vocês, adultos, gostaria de voltar a ser criança? Ah, como seria divertido poder correr com os pés descalços pela rua novamente... jogar bola com a garotada e brincar de casinha com a tia-meia-irmã! Fazer arte das boas e depois pedir à Deus para que ninguém descubra – e de vez em quando ser atendido. Pensando assim, a proposta de Jesus parece tentadora! Voltar a ser criança? Sem dúvidas!

Mas... Como acontece com todo desejo, convém tomar cuidado. Afinal, você sabe como viviam as crianças na época de Jesus? Qual era o seu lugar na sociedade? Se elas faziam parte da comunidade de fé?

Ser criança no primeiro século não era fácil. Em primeiro lugar o bebê deveria nascer de acordo com o sexo desejado por seu pai; não poderia apresentar qualquer problema físico além de aparentar boa saúde. Se uma dessas condições não fosse atendida, o bebê seria jogado fora em um lixão conhecido por Sheol (em hebraico) ou Geena (em grego). É importante notar que estas palavras, na Bíblia, são comumente traduzidas por “Inferno”. Portanto, os pais da criança atiravam-na no “inferno” sem nenhum remorso!

Se por acaso esta criança sobrevivesse, a sua vida não ficaria mais fácil. Isto porque, para o povo judeu, a criança era impura. Isto porque elas brincam no chão, levam qualquer coisa à boca... Saber se ela estava pura ou impura era praticamente impossível. Por isso convencionou-se que a criança está sempre impura. Sendo impura, a criança estava excluída da vida religiosa, do contato com a sociedade adulta. Esta exclusão e desqualificação da criança, no entanto, não é privilégio dos judeus. Muitas outras culturas até hoje acreditam que crianças não alma. Você acredita nisso? Para estes povos a criança é um ser-humano de segunda classe, sem direitos, sem voz, sem vida.  Então eu pergunto de novo: Quem quer voltar a ser criança?

Talvez você aí no seu banco esteja pensando: “mas isso foi a mais de dois mil anos atrás e coisas assim não acontecem hoje”. Ou pelo contrário, você pode ter percebido que as coisas não mudaram muito.

A criança é um ser humano racional que é privado do seu espaço na sociedade. Na família é tratada quase como um bichinho de estimação: Deve obedecer em troca de alimento, teto e carinho. Na Igreja, não deixam que ela se aproxime do altar... Ou então são separadas da comunidade e dos seus pais só porque o Ministério de Música não quer tocar as músicas que elas gostam ou porque o pastor não teve paciência para preparar um sermão que use de palavras que estejam próximas do vocabulário infantil. Enquanto isso, nos noticiários da TV, assistimos horrorizados casos de crianças que, assim como no primeiro século, são jogadas no lixo; tão novinhas, esses brotos de vida experimentam o inferno!

É... Ainda não é fácil ser criança neste mundo. No entanto Jesus impõe a condição de ser humilde tal qual uma criança. Humildade aqui não se trata do oposto de um comportamento ufanista; ser humilde não é o contrário de ser “metido”. Segundo as palavras escritas no livro de Mateus, humildade aqui se refere a compartilhar desta mesma condição de penúria. Em outras palavras, é preciso que se sinta na pele a situação de penúria pela qual passa uma criança afim de que se participe do Reino de Deus.

Esta condição imposta por Jesus é desafiadora! O Filho de Deus não está, de modo algum, insinuando que é preciso sofrer, mas sim que o nosso sofrimento possa ser agente de transformação na vida daquelas e daqueles que compartilham desta condição de penúria. Por isso o “tornar-se humilde” é uma exigência profética. Ela exige de cada cristã e cristão que se ocupe em construir um mundo melhor. Um mundo que seja amigável à toda a criação e principalmente às indefesas crianças. Um mundo que não as impeça de ter voz na família... Um mundo em que as Igrejas e seus altares também sejam ornamentados com brinquedos de toda sorte; que o sermão possa ser como o conselho da mamãe ou como a história do papai; que as nossas Igrejas, além de apresentar os primeiros passos do Evangelho, possa nos apresentar um Cristianismo criativo, tão diferente da mediocridade reinante no mundo... Um mundo onde as crianças não são jogadas em lixões ou em rios, mas que são embaladas pelo colo de seu pai e mãe e também no colo de Cristo.

É um sonho bonito. Parece até desenho de criança – com casinha, árvore e família de mão dada. Mas talvez seja justamente esta a questão. Porque, enquanto nós estamos vindo todo domingo na Igreja, esperando aprender como chegar no Reino de Deus, as crianças já estão lá. Acho que podemos aprender um pouco mais com elas! Só é preciso deixar que elas se aproximem de nós, do nosso mundo.

Que Jesus Cristo, que nos afaga em seu colo com tanto afeto, nos ajude a estar atento para a criança que puxa a barra de nossa roupa.

Sermão pregado em 8 de maio de 2011, por ocasião do batismo do meu irmão Wesley de Almeida Basílio.
A liturgia do referido batismo está disponível aqui

Imagem disponível em: http://www.cruzadadomenor.org.br/shared/atuacao_criancas.jpg

Anunciar o Reino: Para quem e para quando?

Leia Mateus 5. 1-12

Nessa semana recebi a visita de um amigo que a muito tempo eu não o encontrava. Conversamos um bom tempo, relembrando os tempos de antigamente. Em determinado momento da conversa, ele me surpreendeu dizendo: - Cara, parece que a sua vida é marcada por perseguições, hein? No momento eu fiquei meio envergonhado, quis desconversar. Afinal, ser perseguido a vida inteira? Poderia parecer que eu era uma espécie de “caçador de encrencas” (o que não está de todo errado). Fique pensativo naquela noite. A mesma noite em que li o texto de hoje e fiz algumas descobertas interessantes e que gostaria de compartilhar com vocês hoje.
Mas, primeiro convém entender um pouco do que está acontecendo no texto lido.

Galiléia: O interior do interior do que um dia foi Israel, a região da Galiléia era a periferia da palestina. Enquanto outras cidades viviam do transporte, compra e venda de mercadorias caras, a economia da Galiléia dependia dos pobres pescadores, extorquidos pelo Império Romano. Era uma região de gente desconfiada, que tinha a sua cultura interiorana, prezava por ela e não era muito chegada a estrangeiros. Foi para essa gente humilde que Jesus profere o seu mais importante sermão: O conhecidíssimo Sermão da Montanha. Ele olhou olho-no-olho cada pessoa que compunha aquela multidão, chamou os seus discípulos para mais perto, e começou a falar sobre um Reino que nunca alguém tinha ouvido falar. Isso nos leva para a primeira descoberta que fiz ao ler esta passagem: O sentido da vida de Jesus.

Pode parecer óbvio. Mas os cristãos e cristãs em geral dão tanta atenção para a morte de Jesus que se esquecem que ele ressuscitou e que ele viveu! Isso mesmo! Antes do Calvário, como diz a tradição cristã, Jesus viveu aproximadamente 33 anos! Garanto que se ele levado uma vida pacata, fazendo pequenos instrumentos de madeira, ele não teria sido assassinado na cruz. A morte de Jesus é conseqüência da vida que ele levou e por isso entender o que ele fez de sua vida é tão importante. Pouco sabemos sobre o que aconteceu na sua infância. Mas sabemos com certeza o que ele fez durante o seu ministério: Ele anunciou o Reino de Deus/Reino dos Céus.

Infelizmente, muitas igrejas hoje se esqueceram desse detalhe tão importante e óbvio e passaram a anunciar outras coisas que não o Reino de Deus. E o que tem tomado o lugar do Reino de Deus na Igreja tem sido coisas banais como: de Auto-ajuda barata, enriquecimento fácil (comumente chamado de “Bênção de Deus”); de anunciadora do Reino de Deus a igreja passou a ser palco de um Show da Fé onde o milagre foi transformado em espetáculo. Mas não culpemos só esta ou aquela igreja. Culpados também somos nós quando fazemos da nossa vida um reflexo do mundo de horror e não do Reino de Deus. Quando agimos com injustiça para com o outro estamos propagando o Reino do Diabo e não o Reino de Deus.

O que acontecerá com a nossa cidade, com o nosso país, com a nossa igreja se eu e você continuarmos a permitir estes equívocos? Sim! Eu e você! O exemplo de Jesus, de anunciar o Reino de Deus com a sua própria vida ao ponto de perdê-la, nos constrange a estabelecer um compromisso de vida com a pregação e com a construção do Reino de Deus. Não fomos chamados para ficar sentados e calados em um banco de Igreja. Esse também é o desafio proposto pela Santa Ceia: o de que anunciemos Jesus até que ele venha. Mas para quem anunciaremos este Reino de Deus? Este Reino do Céu? É aqui que acontece a segunda descoberta:

O Reino do céu é para os pobres de espírito! Mas o que quer dizer isso? Como alguém pode ser pobre de espírito, gente? Há quem acredite que Espírito é o mesmo que fantasma. Mas não é. Espírito ou Pneuma em grego ou Ruach, em hebraico, são palavras que representam o ar em movimento. Mas Ruach, que é Espírito em Hebraico, não é apenas vento. É fôlego de vida! Por isso podemos dizer que pobre de espírito é aquele ou aquela que é pobre de vida. Alguém que está em uma situação de privação tão extrema que sequer a própria vida lhe pertence.

Algumas pessoas, por motivos que eu nem imagino, se acham auto-suficientes. Acreditam que já tem tudo aquilo de que necessitam e que Deus é só um detalhe dominical. Pessoas assim, não se enganem, estão fora, mas também estão dentro, da igreja. Cristo não morreu por essas pessoas; como ele mesmo disse, não veio trazer remédio aos sãos. A boa notícia é para quem está doente, para quem assume sua dependência de Deus. A libertação pregada por Cristo é destinada para as pessoas que purificam os seus olhos e se identificam com o pobre de espírito. Só é possível receber a libertação de Cristo, fazer parte do Reino de Deus, quando se assume que, em algum momento da vida se esteve preso.

Essa interpretação nos propõe desafios. Grande desafios. Porque identificar-se com o pobre de espírito, com o nosso irmão ou irmã é compartilhar de suas aflições; sentir na própria pele a dor da angústia, da tristeza, da incerteza; é ser violentado pela injustiça do mundo. A parte boa é que desta forma compartilharemos também a fome e a sede por justiça. E quando o povo de Deus, quando os pobres de espírito, quando e você estamos famintos e sedentos por justiça, disse Jesus: Seremos fartos. Mas quando isso vai acontecer?

Aqui entra a terceira e última descoberta: O sermão do monte trabalha em duas perspectivas: a da esperança alimentada pela fé de que seremos atendidos e a perspectiva do compromisso com o agora, com o hoje. Jesus diz o que o Reino de Deus será. Ele diz que o Reino de Deus É. Isso quer dizer que ele JÁ EXISTE, ESTÁ POR AÍ, esperando que os seus legítimos donos tomem posse dele. No entanto, para tomar posse desse reino, é preciso ser compromissado com a justiça. As outras bem-aventuranças são escritas de forma futura (os que choram irão ser consolados, quem for manso irá herdar a terra e etc).

Há quem confunda o Reino de Deus ou dos Céus com a nossa experiência após a morte ou após o arrebatamento. Jesus não está falando disso nas bem-aventuranças. Jesus usa palavras do cotidiano, idéias do dia-a-dia para expressar algo que acontecerá no mesmo plano do cotidiano, do dia-a-dia. O REINO DE DEUS É PARA HOJE! E o consolo? A fartura? O ver a Deus?... Todas essas condições dependem da ação do cristão e cristã. O consolador para quem chora, a fatura de justiça e a pureza de coração dependem da nossa ação como pessoas e como comunidade cristã.

Por isso as bem-aventuranças são, na verdade, promessas divinas, mas que dependem da nossa decisão por viver uma vida cristã, que esteja de acordo com a mensagem do sermão da montanha. Se eu e você e todo o mundo resolver viver de acordo com os ideais do sermão da montanha, aí sim poderíamos ver uma sociedade de fato cristã, transformada pelo poder do evangelho porque de nada adianta o cristãos serem a maioria no Brasil se estes não estão empenhados na transformação da sociedade; na construção do Reino de Deus HOJE.

Esta é uma decisão difícil. Pregar o Reino de Deus levou Jesus à morte. Pregar as mudanças sociais exigidas pelo sermão da montanha hoje, pode não matar, mas traz um bocado de perseguidores.
Lendo os versículos 10, 11 e 12 descobri que ser perseguido não é motivo de vergonha. Mas de orgulho.
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.

11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa.
12 Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós.
Desse modo, encerro com o desafio que nos impõe o sermão da montanha: Que ao partilhar da mesa da Santa Ceia, renovemos o compromisso de ser como os profetas do passado. Ainda que isso nos renda alguns perseguidores.

Que Deus Pai Todo Poderoso, por amor de seu filho, Jesus Cristo, transforme estes perseguidores em seguidores e nos dê a coragem necessária para topar este ministério: O de anunciar o Reino de Deus

Imagem disponível em: http://1.bp.blogspot.com/_WtLKqFC3tOo/S92oaWmgCXI/AAAAAAAACws/mo5iMTsud3U/s1600/serm%C3%A3o+do+monte.jpg

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Amor é fogo

Leia Atos 2.1-21

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Algumas textos inevitavelmente não conseguem dizer tudo aquilo que as palavras dizem. Nestes casos parece que atrás de cada palavra há um segredo, um mistério escondido e que só o coração e um olhar atento é capaz de encontrá-lo. É o caso deste belíssimo soneto de Camões. “Amor é fogo que arde sem se ver”... E é o caso desse texto que nós lemos. Ele oferece uma série de símbolos – fogo, vento, a palavra – em uma situação que nos chama a atenção por ser incomum: pessoas iletradas falando línguas de outras nacionalidades.Em textos coloridos como este, devemos tomar o devido cuidado para que não concentremos nosso olhar em apenas um primas, mas que se possa olhar a pintura por completo.

Olhando o texto desta maneira, vamos identificar que além da descida do Espírito Santo, Lucas quer narrar o nascimento da Igreja. Mas um nascimento que exige alguns pré-requisitos, algumas mudanças chave no caráter e na cultura dos discípulos e discípulas que seriam determinantes na sua missão de proclamar o evangelho.

A primeira mudança é a quebra com preconceitos.


O judeu não era muito afeito à estrangeiros. Em outras palavras, a cultura ritualística dos judeus os tornavam xenófobos; tinham medo de que no contato com o estrangeiro pudessem se tornar impuros! E, no entanto Lucas começa seu texto mencionando uma série de regiões do mundo conhecido de então. Pessoas do mundo inteiro – estrangeiras portanto – foram testemunhas do que aconteceu naquele dia de pentecostes e as primeiras a se converterem ao evangelho.

A gente fala dos judeus, mas você já parou para pensar no quanto a nossa sociedade brasileira ainda é preconceituosa? Em uma aula de escola dominical com os juvenis, perguntei para eles quem sofria preconceito na escola. Todos falaram ao mesmo tempo e não se limitaram apenas à escola: o gordinho,o negro, o magrinho, o homoafetivo, o que usa óculos, o boliviano, o pobre, a mulher, o deficiente físico... foi uma lista sem tamanho. Sabe o que é triste em tudo isso? Sem nenhuma exceção – se desconsiderarmos o menino que usa óculos – a Igreja, em sua história, esteve envolvida sendo até promotora do preconceito contra essas pessoas. E hoje, quando tem a oportunidade de tomar uma atitude profética contra o preconceito e a discriminação, ela se omite com medo... Fobia dos diferentes.

A palavra do Senhor hoje nos convoca a quebrar esta corrente de preconceitos e discriminações. Se o verdadeiro amor lança fora todo medo e o amor é o primeiro fruto do Espírito, então é em nome do amor e na impulsão do Espírito Santo que a Igreja deve militar contra a superação de todo medo, de toda fobia de quem é estrangeiro, de quem é diferente de nós. Essas pessoas chamadas de pecadoras, de quem desviamos o olhar é que devem ser, assim como foram os impuros estrangeiros naquela manhã de pentecostes, alvos do anúncio da boa nova!

Mas para anunciar esta Boa Nova, outro requisito é necessário: Falar a mesma língua.


Teólogos e Teólogas tenta explicar este fenômeno. E o fazem das mais diferentes formas possíveis. Mas se esquecem de atentar para o simples fato de que, naquele momento, não importa de onde você tenha vindo, todo mundo se entendia. Não fosse essa Babel às avessas, aqueles estrangeiros nem sequer teriam sido atraídos para as santas palavras proclamadas naquela manhã de pentecostes.

O grande slogan cristão da década de 80 foi “Cristo é a Resposta”. Alguém me disse uma vez que o Snoopy – o cachorrinho do Charlie Brown – apareceu em uma tirinha segurando um cartaz que dizia: “Mas qual é a pergunta?”. Os cristãos, como é de se imaginar, não receberam muito bem a crítica feita pelo cachorro. Mas aquele cartaz reproduz bem o espírito desta época. Quais são as questões que motivam a vida do jovem hoje? Fazer 18, tirar a carta e concluir a faculdade? Quais são as questões que motivam a vida do adulto? Trabalhar, casar, ter filhos e pagar as dívidas?

Não. A vida é muito além dessas pequenezas. E para falar a língua da criança, do jovem, do adulto, da mulher, do negro, do pobre é preciso saber quais são as questões que motivam a sua vida! O que é importante de fato ou não. Falar a língua do jovem, muito mais do que usar gírias e outros maneirismos, é compreender a dor de um amor juvenil ou o quanto é importante ir no shopping sexta à noite. Falar a língua do adulto é saber o alívio que dá quando se ouve, de madrugada, o barulho do trinco da porta que diz “meu filho/a está de volta em casa”. Falar a língua da criança é saber o quanto somos importantes para ela e o que significa o seu pequeno mundo de fantasia. Quais são suas questões? O que lhes motiva a vida? Eu não sei. Mas só tem um jeito de descobrir...

E é através da terceira mudança operada nos discípulos através do Espírito Santo: A inclusão.


Pedro – o pescador impulsivo – quando vê que seus amigos estão sendo tomados por bêbados, levanta-se, assume a postura de orador, inicia seu sermão e quando faz uma citação da Bíblia... ele faz tudo errado. Tudo bem, não tudo – estou sendo malvado com Pedro – mas algumas coisas chaves estão diferentes no texto de Joel. No finalzinho Pedro diz “Meus servos e minhas servas” quando o original diz apenas servos e servas. Parece um detalhe pequeno, mas em Joel os servos e servas ainda estão sob o domínio de um senhor terrestre. Em Pedro os servos e servas estão sob o domínio do Senhor todo amor e misericórdia. E assim o texto de Joel que é sobremaneira inclusivo – inclui crianças, jovens e adultos/velho – torna-se mais inclusivo na boca de Pedro, que liberta os servos e os coloca como profetas.

Peraí? Crianças profetizando? Por incrível que pareça, é justamente isso. A criança de rua hoje é profetisa de sua própria situação, denunciando a injustiça social a que está submetida. Não é justo que algumas tenham direito a escola e um lar feliz enquanto para outras o crime e as drogas são as únicas opções. Por mais que os jovens de hoje forcem a vista para vislumbrar o futuro, a fumaça do mundo turva as vistas. O consumo excessivo de drogas, o sexo irresponsável, a apatia, a omissão e a monotonia tem impedido estes jovens de vislumbrar um mundo diferente da mesma forma que tem tirado o sono dos velhos, que tornam-se incapazes de sonhar com o amanhã.


A igreja oferece, por sua vez, um espaço de resistência a tudo isto por meio da inclusão. Aqui a criança tem a possibilidade de sentir-se parte de um grupo que a aceita e que pode ajudá-la a superar os traumas que a rua ou os próprios pais lhe causaram. A partir da inclusão, pesadelos podem ser transformados em belos sonhos, utopias e esperanças que serão construídas à partir do trabalho dedicado dos jovens que não apenas sonharão, mas verão dias melhores; que muito mais do que cuidar do próprio futuro, cuidarão do futuro da criação. O médico, o advogado e o músico não o são para si, mas para a saúde, a justiça e a liberdade do outro.

Relembrando...
Quebra de preconceitos, nova linguagem e inclusão são transform-ações provocadas pelo Espírito e que estão descritas ali no texto... Nas entrelinhas.

Falando em entrelinhas e Espírito, me lembrei novamente do Soneto de Camões. Pesquisando na Internet, descobri um detalhe interessante. Não sei se é verdade, mas me sinto muito inclinado a pensar que sim. Disseram que o texto de Camões fora inspirado em I Coríntios 13, quando Paulo fala do Caminho do Amor. Isso todo mundo já imaginava, mas o que me surpreendeu realmente foi que a Vida e a Paixão de Cristo também estavam presentes na inspiração deste tão belo soneto.
Para concluir este sermão, então, gostaria ler novamente o Soneto, observando por trás das palavras o segredo do amor de Cristo:

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís Vaz de Camões

Que o vento do Espírito possa arejar as nossas vidas, transformar os nossos relacionamentos e re-velar o sacramento escondido nas palavras. Amém


Imagem: http://www.churchforum.org/arte/coleccion.htm?q=Arte/coleccion.htm

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Batismo do Wesley

Não. Não é a liturgia de batismo de John Wesley. É a liturgia da batismo do meu irmão mais novo que tem por nome o sobrenome do fundador do Metodismo. O pequeno Wesley.
Esta liturgia será utilizada no próximo dia 8 de maio, quando eu, juntamente com a comunidade de Franca, batizaremos o pequeno.

Espero que seja útil para vocês. *ATENÇÃO: As liturgias geralmente estão sendo postadas com o tamanho da página própria para livreto (A4 deitado e pela metade). No Acrobat Reader, configure para que o conteúdo se adapte ao tamanho da página. Se quiser o arquivo no formato Word, entre em contato comigo.