domingo, 18 de dezembro de 2011

Maria

Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela.
Lucas 1:26-38
Uau! Que notícia! Dizem que a notícia de um filho é sempre motivo de festa. Dizem que o anúncio de uma gravidez está sempre envolvida em festa. Mas eu não sei vocês, mas eu não consigo sentir alegria nesta resposta que Maria dá ao anjo. Ela parece... não sei... resignada demais! A atitude dela é de quem aceita calada uma ordem. Mas porquê?! Pelo contrário, eu acho que Maria deveria era ficar feliz, afinal de contas, ela seria a mãe de Jesus, o filho de Davi, o messias esperado!

Ou não... Pensando melhor, o anúncio deve ter sido pesado para Maria e talvez aquele não fosse o melhor momento para ser mãe. E não digo isso porque Maria fosse uma menina - em uma sociedade onde a expectativa de vida ia até os 40 (para os ricos) os casamentos aconteciam bem cedo - ou porque o destino de uma mãe solteira (que seria o caso de Maria para a sociedade) seria o abandono à própria sorte no deserto. O nascimento de Jesus não foi difícil para Maria por conta da expectativa de dar a luz ao que seria o responsável por salvar o seu povo da escravidão a qual se submetia. E isso em um tempo onde a mortalidade infantil era tão grande que havia uma espécie de lixão destinado aos bebês que nasciam mortos ou morriam nos primeiros dias de vida... Não foi por isso que a gravidez de Maria foi difícil.

Israel vivia um momento difícil. A começar que não existia mais Israel. O povo de Deus havia sido dividido em cesaréias. Não tinham auto-governo. O mais próximo que chegavam disso era de um rei despótico chamado Herodes, um assassino por excelência. Em dias de grandes guerras, conquistas e revoluções, com líderes que pouco se importam com o povo, não nascem crianças. Nascem soldados, homens e mulheres que estarão no front de batalha e que por serem pobres, seriam os primeiros a morrer. E Maria sabia disso. A maior dor de parto se dá quando a mãe tem certeza do destino cruel que terá seu filho.

Sabe, os dias são maus. Infelizmente a nossa situação não anda tão diferente da de Maria. Quantas Marias ainda não sofrem preconceito por serem mãos solteiras? Quantos filhos nossos não vão para a guerra... a guerra do tráfico, a guerra da sobrevivência... As pessoas ainda tem uma ganância inexplicavelmente cega pelo poder. Pessoas ainda vagam sem vida pelas ruas, transformadas em máquinas de trabalhar ou simplesmente esquecidas nas praças e sarjetas de São Paulo. Para muitas mães a dor do parto não é a física mas a de não poder oferecer um futuro digno aos seus filhos e filhas.

E o que diremos diante dessas coisas? Com os olhos embotados de lágrimas, vamos dizer que há Esperança! A mesma esperança que fez Maria aceitar, do anjo, a tarefa de ser a mãe do salvador, aquele que levaria literalmente saúde para os desafortunados de Israel. Vamos dizer que o que nos motiva é a Esperança em um Deus que é capaz de mudar a nossa realidade, que é capaz de transformar vidas, de fazer cumprir sua missão independente das instituições e seus homens poderosos. Vamos dizer ao mundo que o Jesus que nasceu naquela estrebaria de Belém, também nasceu dentro de nós e é dele que nos vem a força para resistir como Igreja de Cristo aos assaltos de mercenários e lobos em pele de ovelha.

É muito difícil falar de Esperança. Principalmente quando o mundo é tão barulhento e as circunstâncias parecem tão contrárias. Mas espere: Faça silêncio... tente escutar o choro do nenê. Ele está para nascer e nos trazer de novo a esperança.

Que Jesus, criancinha de Belém, possa nascer os nossos sonhos, dando a nós a mesma Esperança e força da menina Maria. Amém.

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