quarta-feira, 1 de julho de 2009

Igreja pra quê?

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Vendo Jesus a fé que eles tinham, disse ao paralítico: Filho, teus pecados são perdoados.
Marcos 2,5
Toda vez que leio este texto, saltam dele as imagens do paralítico e seus amigos que, impedidos pelos presentes na casa de Mateus, vão até o teto e de lá descem seu amigo afim de que Jesus opere só mais um milagre. São imagens expressivas para nós, brasileiros que vivemos em busca de soluções para nossa vida. Todavia, acredito que para um judeu o que mais chama atenção nesta perícope são as palavras: "Perdoados estão os seus pecados".

Ora, um homem - seja quem ele fosse - não poderia perdoar pecados. Isso era atribuição do templo e seus sacerdotes. Aliás, vale lembrar que o templo, na época do Rei Josias, tinha atribuições religiosas, sociais e políticas. Mas o imperialismo romano reduziu-o a playground dos judeus. Um lugar onde os sacerdotes poderiam manter ainda um pouco do poder que eles pensavam ter sobre o povo.

Mas Jesus estava perdoando pecados agora. E se essa história de perdoar pecados fora do templo virasse moda, o templo perderia sua importância, os sacerdotes perderiam suas riquezas e poderes. Não estava certo! Jesus não podia fazer mais isso. Qual motivo as pessoas teriam para ir ao Templo?

Acredito que esta passagem nos faz hoje a mesma pergunta: Para que precisamos da Igreja? Em dias de internet e televisão, você pode muito bem assistir aos cultos e celebrar os sacramentos (como a santa ceia) em casa. Pelos chat's ou por telefone, você pode até se aconselhar com o pastor! A comunhão acontece via internet também ou, para os mais retrô, num "cultinho" em casa. Afinal "onde houver dois ou três em meu nome, lá eu estarei".

Para quê serve a Igreja?

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Jesus os ouviu e respondeu: - Os sãos não têm necessidade de médico, mas os doentes sim. Não vim chamar justos, mas pecadores.
Marcos 2,12

A resposta a esta pergunta está na história de Mateus e sua conversão. Jesus está chamando para seguí-lo, um publicano. Um cobrador de impostos, um traidor aliado aos romanos e que extorque o suado dinheiro de seus irmãos. E se não fosse o suficiente, Jesus ainda senta-se à mesa com outros iguais a Mateus e também com "pecadores" de toda espécie. Ao ouvir as críticas a suas escolhas, Jesus é categórico e diz: Eu vim para os doentes. Estes precisam de mim.

Não é pouco comum encontrar nas igrejas problemas entre os irmãos. Alguém canta de um jeito diferente ou fulano me olhou com um olho torto. Quando alguém "cai em pecado", nossa primeira atitude é apontar o dedo e mandar para o banco o infeliz pecador (como se todos nós não o fossemos).

Desejamos também que a Igreja seja o completo oposto do mundo que vivemos. Todos estão felizes com Jesus e sem qualquer problema pessoal ou com o grupo. Todas as pessoas são lindas, honestas e cheirosas. E o pastor tem a fala mansa e uma palavra que sossega o coração.

Bom, se você se acha uma boa pessoa, tenho uma péssima notícia para você: Jesus não veio por você. A casa de Deus não foi feita para pessoas boas. Mas para pessoas que, por melhor que pareçam ser, sabem que são pecadoras e que necessitam dos cuidados de Deus. Estas portas foram abertas para o ladrão, para a prostituta, para o viciado. Também foi aberta para o rapper, para o rockeiro, para o pagodeiro. Estes bancos esperam a visita da pessoa mais barraqueira da sua rua. Eles também estão esperando pelo seu patrão, pelo dono da mercearia... Enfim, todos aqueles que você acredita serem dignos ou não de estarem aqui. Mas o que acontece é que, geralmente, as portas da casa de Deus são fechadas para essas pessoas.

Estes dois textos nos oferecem um grande desafio: O de devolver o sentido de ser da casa de Deus. É por causa dessa perda de sentido que a fé de muitos tem se esfriado e que as pessoas não páram mais nas Igrejas. E é por causa dessa perda de sentido que muitos não sentem mais a ação do Espírito Santo em seus corações. Ora, Jesus veio para os que estão doentes. Mas os doentes também precisam reconhecer seu estado patológico.

Que as nossas Igrejas sejam verdadeiros hospitais e que a comunhão dos santos seja a terapia necessária a almas escravas do pecado e da morte.

Deus nos abençoe.

Img1: http://www.partenia.org/partenia_1996_2006/pt/imagemai03/paralytique2.gif
Img2: http://blogs.diariodonordeste.com.br/egidio/wp-content/uploads/2008/01/eu-nao-vim-chamar-os-justos-mas-os-pecadores.jpg

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que já vi esse sermão :-)

Antes que pensem ser plágio, na verdade ouvi esse sermão, na visita do honorável Francisco Thiago à Congregação em Santana de Parnaíba.

Thiago, foi muito legal sua participação e a impressão que você deixou na comunidade foi muito positiva. Todo mundo gostou de ti e de tua pregação.