quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Um apelo entre a vida e a morte.

Pregado pela primeira vez na oração da manhã no encontro ecumênico em São Pedro. 28/08/2010
Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência,
Deuteronômio 30.19
Sempre que eu leio este texto eu me lembro de uma música do Pe. Zezinho:
Diante de ti ponho a vida e ponho a morte
Mas tem de saber escolher
Se escolhes matar, também morrerás
Se deixa viver, também viverás
Então viva e deixa viver.
Para entender este texto, é bom saber primeiro onde ele está. E ele está em um lugar bem peculiar do livro de Deuteronômio. Encontra-se no final do rolo da lei que foi encontrado pelo rei Josias. O capítulo 30 encerra um compêndio de leis e orientações para a um estado mais justo. Foi com base neste livro que o menino rei construiu um governo de justiça social.
E entre tantas promessas e acordos de benção e maldição, a segunda lei com a apresentação de alternativas de uma decisão a ser tomada: Uma escolha entre a vida e a morte.

Mas o que isto significa para nós?

Neste sentido a moldura final do livro da "Segunda Lei" - o significado de deuteronômio - não se trata apenas da exposição de uma escolha, mas sim um Apelo. Se oferecerem para você um prato cheio de giló e um prato cheio da mais apetitosa comida: Qual dos pratos você escolheria? Uma bela pasta italliana ou um prato de giló? A vida ou a morte? A escolha parece ser óbvia!
Entretanto, dia após dia somos assolados por tentadoras ondas que nos seduzem e produzem a ânsia pela morte. Quando vemos o nosso barquinho ser destruído, já cansados pelas surras que levamos todos os dias da vida, somos tentados e tentadas a deixar como está; a assumir uma posição de acomodação e tão somente assistir a vida passar diante dos nossos olhos. Esta indiferença. A nossa indiferença é que tem matado milhões de pessoas e um sem número de sonhos. A nossa indiferença é uma clara escolha pela morte.
Por outro lado, a ação é o símbolo da escolha pela vida. E é justamente reconhecendo a dificuldade que é sair da zona de conforto que o escritor de Deuteronômio faz tão enfático apelo: Escolham a vida! Escolham lutar pelos direitos dos mais necessitados; defendam os orfãos e as viúvas; superem os preconceitos de qualquer espécie; sejam promotores e promotoras da paz. Escolhemos a vida quando estendemos a mão e compartilhamos o pouco que temos; quando apoiamos um movimento sindical que defende os direitos dos trabalhadores. Escolhemos a vida quando procuramos o equilíbrio e não do desenvolvimento; quando somos tolerantes e abertos ao diálogo. Escolhemos a vida quando construímos nos tornamos pedreiros e pedreiras na construção do reinado de Deus.

Termino repetindo o apelo do deuteronomista: Pelo bem de seus filhos; pelo bem dos seus vizinho e pelo seu próprio bem, por favor, eu vos suplico: Escolham a vida. Vive e deixa viver

Que Deus nos ajude a discernir.

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