"Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas."
João 10. 11
A pouco tempo atrás fiquei sabendo da morte do meu pai na fé, o irmão Cícero Silvério de Oliveira. Não queria escrever sobre ele de forma alguma, pois jamais esperaria que as minhas poucas palavras fossem capazes de conter tal história e exemplo de fé.
Na semana em que soube da notícia de sua morte, passava por uma crise existencial. Questionava-me se o nível de entrega ao qual eu havia me submetido era o que de fato o Senhor esperava de mim. Questionava-me se não seria melhor arrumar um emprego paralelo a faculdade de teologia e juntar para mim subsídios que pudessem me sustentar na vida pós-faculdade. Questionava-me ainda se a posição de "não quero que cantem meus feitos" era de fato boa, afinal é sempre bom, em todos os sentidos, que o nosso trabalho seja reconhecido.
No decorrer dos dias até o exato momento em que escrevo essas linhas, vi os sinais de Deus diante dos meus olhos e agora, após a leitura deste texto, eu compreendo o que o Todo Poderoso queria me dizer.
Primeiro a forte lembrança do meu querido pai na Fé, irmão Cisso - como o chamávamos. Ele não tinha formação acadêmica alguma, sequer tinha feito curso de evangelista ou o que quer que seja. Ele simplesmente chegou na cidade onde morava e abriu a Igreja, e convidou pessoas, e cuidou das suas ovelhas, e as corrigia e as instruía sem medo de que seus ensinamentos pudessem estar de acordo ou não com a nova onda teológica. Ele apenas nos ensinava - na igreja e em casa - as sãs doutrinas do Senhor. E assim como os grandes heróis da fé, ele morreu pregando.
São muitos os pastores que tem esse desejo no coração e até mesmo o capricho tão necessário às ovelhas. Entretanto o que os difere é a motivação. Irmão Cícero não visava salário. A propósito, ele nada ganhava da Igreja. Sua família de quatro filhos era sustentada por cestas básicas e o trabalho da mãe e dos dois filhos homens. Ele também nunca desejou notoriedade quer fosse na sociedade francana, quer fosse na Igreja e muito menos irmão Cícero quis estar em "Grandes Igrejas" ou em "Grandes Centros Urbanos". Ao contrário, quando foi transferido para Ribeirão Preto, irmão Cícero lamentou profundamente a sua saída da Igreja que ficava na última rua do último bairro de pequenina Franca/SP.
E mesmo tendo como único salário o amor de suas ovelhas, por nós dedicou dias, horas e até noites apaziguando brigas, reatando pais e filhos, expulsando demônios, batizando e trabalhando para a obra do Senhor.
O mau pastor pode ser justamente ao contrário ou completamente igual ao irmão Cícero. O que realmente difere os homens não são suas atitudes, mas sim os seus corações. Não são raros os casos onde vemos pastores que trabalham bem para a obra do Senhor, mas no entanto, o seu coração deseja galgar altas posições na instituição. Talvez caiba até uma analogia com a mãe dos discípulos que pediu a Jesus que seus filhos se assentassem a sua direita e esquerda.
Tais pastores seriam como os mercenários sugeridos por Cristo. Afinal, os mercenários nada mais são do que um grupo de soldados que luta uma guerra pelo pagamento e não por lealdade ao país pelo qual luta. Maquiavel, em "O Príncipe" diz que um bom rei nunca apoiará suas forças num exercito mercenário, porque estes não tem honra e quando vêem suas vidas em perigo, preferem viver a receber a paga prometida.
O bom pastor não escolhe o melhor redil para pastorear, antes ele procura os pequenos com a vontade ardente em seu coração de fazê-lo crescer e ser próspero. O bom pastor busca a multiplicação de suas ovelhas para o crescimento do reino de Deus e não para conseguir no futuro livrar-se do campo missionário e buscar uma posição confortável para si e sua família.
O bom pastor nunca diz não ao apelo de ir para qualquer lugar que lhe enviar. Porque ele quer bem as ovelhas e não os bens das ovelhas. Esse é o bom pastor.
Tudo bem, mas ainda assim o pastor necessita comer, necessita educar seus filhos! A pouco orei o "Pai Nosso" e parei para refletir no que orava. E na parte em que diz: "O pão nosso de cada dia dá-nos hoje". Repare que é "dá-nos hoje" e não há preocupação com o futuro (dá nos hoje e sempre). O "pão nosso de cada dia, dá-nos hoje" é uma demonstração de fé de que nada irá nos faltar pois Deus é quem nos supre a cada dia. O bom pastor - e o bom crente - não se preocupa exageradamente com o seu futuro, pois ele sabe que o seu futuro é mantido pelo próprio Deus.
Ontem concluí a leitura da biografia de Francisco de Assis. Muito me impressionou a devoção e a honestidade em seu chamado. Ele, homem rico que era, abandonou tudo o que tinha para casar-se com D. Pobreza, que paradoxalmente, deu-lhe o mundo como moradia e todos os bens da terra como posse. Francisco de Assis, embora tenha feito voto de pobreza e mendicância, não morreu de fome ou de sede.
Francisco ainda rogava pra si o título de o "menor dos Frades menores" e mesmo sendo fundador da ordem Franciscana, nunca quis ser maior que os outros; ao contrário, fazia-se sincero servo de cada um que passava pelo seu caminho.
A ordem Franciscana tinha como lei de convivência uma dura regra (entre elas estaria a itinerância?) que no final da sua vida conseguiram mudar. Francisco nunca foi de acordo com isso. Quando lhe foi pedido para que reescrevesse suas regras, ele as reafirmou como quem manda um recado "Este é o espírito da ordem. Qualquer diferença a tornaria qualquer coisa, menos a ordem dos frades menores "; e o que é melhor, ele as reafirmou cantando! Com o prazer e a alegria que seus seguidores deveriam sentir ao segui-las.
O bom pastor é vocacionado. E quando alguém é vocacionado e se entrega para o ministério pastoral, sabe de ante mão, todas as dificuldades que ele implica. E se nele continua, não o faz por obrigação; o faz por amor.
Na semana em que soube da notícia de sua morte, passava por uma crise existencial. Questionava-me se o nível de entrega ao qual eu havia me submetido era o que de fato o Senhor esperava de mim. Questionava-me se não seria melhor arrumar um emprego paralelo a faculdade de teologia e juntar para mim subsídios que pudessem me sustentar na vida pós-faculdade. Questionava-me ainda se a posição de "não quero que cantem meus feitos" era de fato boa, afinal é sempre bom, em todos os sentidos, que o nosso trabalho seja reconhecido.
No decorrer dos dias até o exato momento em que escrevo essas linhas, vi os sinais de Deus diante dos meus olhos e agora, após a leitura deste texto, eu compreendo o que o Todo Poderoso queria me dizer.
Primeiro a forte lembrança do meu querido pai na Fé, irmão Cisso - como o chamávamos. Ele não tinha formação acadêmica alguma, sequer tinha feito curso de evangelista ou o que quer que seja. Ele simplesmente chegou na cidade onde morava e abriu a Igreja, e convidou pessoas, e cuidou das suas ovelhas, e as corrigia e as instruía sem medo de que seus ensinamentos pudessem estar de acordo ou não com a nova onda teológica. Ele apenas nos ensinava - na igreja e em casa - as sãs doutrinas do Senhor. E assim como os grandes heróis da fé, ele morreu pregando.
São muitos os pastores que tem esse desejo no coração e até mesmo o capricho tão necessário às ovelhas. Entretanto o que os difere é a motivação. Irmão Cícero não visava salário. A propósito, ele nada ganhava da Igreja. Sua família de quatro filhos era sustentada por cestas básicas e o trabalho da mãe e dos dois filhos homens. Ele também nunca desejou notoriedade quer fosse na sociedade francana, quer fosse na Igreja e muito menos irmão Cícero quis estar em "Grandes Igrejas" ou em "Grandes Centros Urbanos". Ao contrário, quando foi transferido para Ribeirão Preto, irmão Cícero lamentou profundamente a sua saída da Igreja que ficava na última rua do último bairro de pequenina Franca/SP.
E mesmo tendo como único salário o amor de suas ovelhas, por nós dedicou dias, horas e até noites apaziguando brigas, reatando pais e filhos, expulsando demônios, batizando e trabalhando para a obra do Senhor.
O mau pastor pode ser justamente ao contrário ou completamente igual ao irmão Cícero. O que realmente difere os homens não são suas atitudes, mas sim os seus corações. Não são raros os casos onde vemos pastores que trabalham bem para a obra do Senhor, mas no entanto, o seu coração deseja galgar altas posições na instituição. Talvez caiba até uma analogia com a mãe dos discípulos que pediu a Jesus que seus filhos se assentassem a sua direita e esquerda.
Tais pastores seriam como os mercenários sugeridos por Cristo. Afinal, os mercenários nada mais são do que um grupo de soldados que luta uma guerra pelo pagamento e não por lealdade ao país pelo qual luta. Maquiavel, em "O Príncipe" diz que um bom rei nunca apoiará suas forças num exercito mercenário, porque estes não tem honra e quando vêem suas vidas em perigo, preferem viver a receber a paga prometida.
O bom pastor não escolhe o melhor redil para pastorear, antes ele procura os pequenos com a vontade ardente em seu coração de fazê-lo crescer e ser próspero. O bom pastor busca a multiplicação de suas ovelhas para o crescimento do reino de Deus e não para conseguir no futuro livrar-se do campo missionário e buscar uma posição confortável para si e sua família.
O bom pastor nunca diz não ao apelo de ir para qualquer lugar que lhe enviar. Porque ele quer bem as ovelhas e não os bens das ovelhas. Esse é o bom pastor.
Tudo bem, mas ainda assim o pastor necessita comer, necessita educar seus filhos! A pouco orei o "Pai Nosso" e parei para refletir no que orava. E na parte em que diz: "O pão nosso de cada dia dá-nos hoje". Repare que é "dá-nos hoje" e não há preocupação com o futuro (dá nos hoje e sempre). O "pão nosso de cada dia, dá-nos hoje" é uma demonstração de fé de que nada irá nos faltar pois Deus é quem nos supre a cada dia. O bom pastor - e o bom crente - não se preocupa exageradamente com o seu futuro, pois ele sabe que o seu futuro é mantido pelo próprio Deus.
Ontem concluí a leitura da biografia de Francisco de Assis. Muito me impressionou a devoção e a honestidade em seu chamado. Ele, homem rico que era, abandonou tudo o que tinha para casar-se com D. Pobreza, que paradoxalmente, deu-lhe o mundo como moradia e todos os bens da terra como posse. Francisco de Assis, embora tenha feito voto de pobreza e mendicância, não morreu de fome ou de sede.
Francisco ainda rogava pra si o título de o "menor dos Frades menores" e mesmo sendo fundador da ordem Franciscana, nunca quis ser maior que os outros; ao contrário, fazia-se sincero servo de cada um que passava pelo seu caminho.
A ordem Franciscana tinha como lei de convivência uma dura regra (entre elas estaria a itinerância?) que no final da sua vida conseguiram mudar. Francisco nunca foi de acordo com isso. Quando lhe foi pedido para que reescrevesse suas regras, ele as reafirmou como quem manda um recado "Este é o espírito da ordem. Qualquer diferença a tornaria qualquer coisa, menos a ordem dos frades menores "; e o que é melhor, ele as reafirmou cantando! Com o prazer e a alegria que seus seguidores deveriam sentir ao segui-las.
O bom pastor é vocacionado. E quando alguém é vocacionado e se entrega para o ministério pastoral, sabe de ante mão, todas as dificuldades que ele implica. E se nele continua, não o faz por obrigação; o faz por amor.
Que Deus nos abençoe e faça resplandecer o seu rosto sobre nós e que a cada dia nos ensine a seguir o exemplo do bom pastor, que é Cristo, afim de sermos também bons pastores e pastoras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário